NDIV11: O Guia Completo sobre o ETF que paga Dividendos

NDIV11

3 de outubro de 2023

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Lançado em outubro de 2023, o NDIV11 é o primeiro ETF da B3 a pagar dividendos. Ele também inova ao ser o primeiro fundo da bolsa a utilizar um índice Smart Beta.

Durante o artigo, iremos analisar o ativo e explicar detalhadamente os conceitos.

Destaques:

  • É o primeiro ETF lançado pelo Nubank.
  • O fundo tem uma taxa de administração de 0,5% ao ano.
  • Ele é constituído pelas 21 empresas que mais pagaram dividendos, de maneira consistente, nos últimos seis anos.

O que é um ETF?

Para entendermos o ativo, primeiramente deveremos entender o produto.

ETF é a sigla para Exchange Traded Fund. Também chamado de fundo de índice, ele é um fundo de investimento de gestão passiva. Ou seja, toda a sua filosofia de investimento é baseada em regras e limites claramente estabelecidos previamente.

Sua metodologia de cálculo completa pode ser acessada no site da B3. De maneira resumida, o NDIV11 tem como regra reproduzir a performance do Índice Ibovespa Smart Dividendos B3.

Índice Ibovespa Smart Dividendos B3

Criado em setembro de 2023, em uma parceria entre o Nubank e a B3, o Índice Ibovespa Smart Dividendos B3 é o primeiro índice Smart Beta da B3. Seu objetivo é criar uma cesta de ativos focados em dividendos, para alcançar retornos acima do mercado.

Abaixo, vamos responder as principais dúvidas sobre o tema:

O que é um Índice de um ETF?

Um ETF tem sua filosofia de investimento baseado no seu índice. A idéia é o ETF sempre replicar o comportamento do índice.

  • O índice normalmente é criado por uma entidade terceira. No caso da NDIV11, é a B3.
  • O índice reflete alguma cesta teórica de ativos. No caso da NDIV11, são as empresas com maior histórico de pagamento de dividendos dentro do Ibovespa.

Como Funciona o Processo de Seleção das Empresas?

O Índice Ibovespa Smart Dividendos B3 busca selecionar as empresas com o maior histórico recente de pagamento de proventos (que incluem dividendos e juros sobre capital próprio) aos acionistas.

A seleção funciona por etapas:

  1. Mapear todas as empresas pagadoras de dividendos dos últimos 6 anos.
  2. Ordenar elas de maior para menor pela métrica do Dividend Yield (proventos/valor do ativo).
  3. Selecionar os 25% primeiros da lista.

Após o filtro inicial, o peso das empresas é ponderado, seguindo as variáveis

  • Dividend Yield: quanto maior, maior o peso de uma determinada ação no índice.
  • Recorrência: quanto mais consistente for o pagamento dos dividendos, maior o peso de uma ação no índice.
  • Oscilação: quanto menor for a variabilidade de pagamento de proventos aos acionistas, maior o peso de uma ação no índice.

Essa seleção e ponderação é refeita a cada quatro meses, a partir do dia 29/setembro/2023.

O que é Smart Beta?

Uma das inovações do Índice Ibovespa Smart Dividendos B3 é ser o primeiro índice Smart Beta do mercado brasileiro.

  • Com uma crescente popularidade no mercado americano, esse tipo de produto seleciona e pondera o valor de cada ativo no índice de acordo com diretrizes estabelecidas.
  • O racional é que com essa seleção e ponderação diferenciada, o fundo estará melhor posicionado para atingir retornos acima do mercado.

Por exemplo, ao compararmos o NDIV11 com o DIVO11 (um ETF concorrente que seleciona os maiores pagadores de Dividend Yield do mercado), notamos que o NDIV11 considera fatores adicionais ao formar sua carteira, como maior consistência e menor volatilidade de proventos.

O que é Dividend Yield?

De maneira resumida, o Dividend Yield é calculado pegando os proventos distribuídos aos acionistas e dividindo pelo valor da empresa.

É uma métrica que normalmente é representada em porcentagem e reflete o quanto determinado ativo distribui seu resultado aos investidores.

Por exemplo, se uma companhia vale R$100 e distribuiu R$15 de dividendos e juros sobre capital próprio, o Dividend Yield é de 15%.

Composição do NDIV11

Agora que entendemos como o índice de referência do fundo funciona, podemos nos aprofundar na composição de empresas.

Tabela de ativos

Como a carteira é composta dos maiores e mais estáveis pagadores de proventos da Bolsa, as empresas selecionadas são gigantes do setor energético, financeiro, entre outros.

A mediana da data de fundação das empresas é de 1966, ou seja, são empresas maduras e já estabelecidas em seu setor.

TickerNome da EmpresaParticipação no índiceSetor de AtuaçãoData de FundaçãoDescrição
BBSA3Banco do Brasil5,3%Financeiro1808Banco estatal, uma das maiores instituições financeiras do Brasil.
BBSE3BB Seguridade5,7%Seguros2012Empresa de seguros, previdência e capitalização do Banco do Brasil.
BRAP4Bradespar5,3%Investimentos2000Holding de investimentos.
CIEL3Cielo4,2%Financeiro1995Uma das maiores empresas de meios de pagamento eletrônico no Brasil.
CMIG4Companhia Energética de Minas Gerais S.A5,3%Energia1952Empresa estatal de energia elétrica de Minas Gerais.
CMIN3CSN Mineração3,0%Mineração1993Braço de mineração da CSN, focado em minério de ferro.
CPFE3CPFL Energia4,7%Energia1912Uma das maiores empresas de energia elétrica do Brasil.
CPLE6Copel4,8%Energia1954Companhia de energia do estado do Paraná.
CSNA3Companhia Siderúrgica Nacional4,6%Siderurgia1941Uma das maiores empresas siderúrgicas do Brasil.
CYRE3Cyrela4,4%Construção1962Uma das maiores construtoras e incorporadoras do Brasil.
EGIE3Engie Brasil5,5%Energia1998Atua na geração, comercialização e transmissão de energia elétrica.
GGBR4Gerdau4,5%Siderurgia1901Uma das principais produtoras de aço das Américas.
GOAU4Metalurgica Gerdau4,2%Siderurgia1901Braço da Gerdau focado em aços longos e especiais.
ITSA4Itausa5,4%Financeiro1966Holding que controla o Itaú Unibanco e outras empresas.
MRFG3Marfrig2,8%Alimentos1986Uma das maiores empresas de produção de carne bovina do mundo.
PETR4Petrobras4,1%Energia1953Empresa estatal, líder na exploração de petróleo e gás no Brasil.
SANB11Banco Santander5,5%Financeiro1982Filial brasileira do banco espanhol, um dos maiores bancos do mundo.
TAEE11Taesa5,8%Energia2000Empresa do setor elétrico especializada em transmissão.
VALE3Vale4,6%Mineração1942Uma das maiores mineradoras do mundo, líder em produção de minério de ferro.
VBBR3Vibra Energia4,4%Energia1971Empresa resultante da reestruturação da BR Distribuidora.
VIVT3Telefônica Brasil5,8%Telecomunicações1998Principal empresa de telecomunicações no Brasil.
Fonte: B3 e Gestivas

Empresas Mais Relevantes do NDIV11

No gráfico abaixo, podemos notar o Smart Beta em ação. Há uma visível ponderação a favor das empresas com maior Dividend Yield e estabilidade no pagamento dos proventos, como é o caso da Telefônica Brasil e da Taesa.

Fonte: Gestivas

Análise por Segmento de Atuação

No gráfico a seguir, segmentamos o setor de atuação de cada uma das empresas que compõe o índice. É interessante notar a predominância nos setores energético e financeiro. Essa concentração é explicada pela maior estabilidade dessas empresas na geração de caixa e consequentemente na distribuição de resultados para os acionistas.

Fonte: Gestivas

Análise por Modelo de Negócio

No gráfico a seguir, continuamos nosso aprofundamento na carteira. Dessa vez, segmentando as empresas pelo modelo de negócios base de cada uma delas. Há uma ampla predominância de empresas produtoras/manufatureiras.

Fonte: Gestivas

Origem das Empresas

Um fato curioso que levantamos no nosso estudo foi a alta representatividade de empresas de origem estatal na composição da carteira.

OrigemTotal
Privada16
Estatal9
Fonte: Gestivas

Apesar desse histórico estatal, a boa notícia é que poucas delas possuem hoje o chamado golden share, o que limita um pouco a interferência do governo na empresa.

Contudo, é sempre bom ficar atento à essa fragilidade na composição da carteira.

Presença Internacional

Aqui mapeamos as empresas que possuem quase a totalidade de suas receitas vindas do Brasil e as empresas com uma diversificação internacional.

GeografiaTotal
Brasil12 (não exclusivo)
Operações globais9
Fonte: Gestivas

A tabela acima apresenta uma ótima notícia aos investidores interessados no NDIV11. O ETF apresenta uma boa diversificação geográfica, o que diminui riscos geográficos da carteira.

Exposição às commodities

No gráfico abaixo, consolidamos a quantidade de empresas em termos de dependência dos preços das commodities. Apesar de alguns setores, como o financeiro, não apresentarem grande dependência, uma parcela significativa das empresas do NDIV11 apresentam uma alta exposição às commodities.

Fonte: Gestivas

Companhias como a Vale, Marfrig e Gerdau podem sofrer em conjunto, caso haja uma desaceleração global pela demanda das commodities – o que representa um risco relevante ao fundo.

Vale a Pena Investir em NDIV11?

Esse guia tem caráter puramente informativo e não deveria ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda do ativo.

Dito isso, listaremos os prós e contras do investimento em NDIV11:

Vantagens

  • Distribuição de dividendos recorrentes aos cotistas.
  • Composição de carteira via Smart Beta, que busca um risco-retorno acima da média do mercado.
  • Praticidade de diversificar sua carteira com empresas pagadoras de dividendos com apenas uma aquisição.

Desvantagens

  • Alta exposição a empresas com influência do governo.
  • Alta exposição a empresas sensíveis aos preços das commodities.
  • A tributação incide sobre a apreciação do ativo e a distribuição de dividendos aos cotistas.

Como Investir em NDIV11

O ETF já está disponível nas principais corretoras do Brasil, para o investimento de pessoas físicas.

Investir é muito simples:

Abra sua conta em uma corretora de valores.

  1. Abra sua conta em uma corretora de valores.
  2. Vá até a seção de investimentos.
  3. Abra o Home Broker.
  4. Procure pelo ticker NDIV11.
  5. Emita a ordem de compra, pelo valor desejado.
  6. Caso a ordem seja efetuada, você vira um cotista do fundo.

Importante ressaltar que o investidor interessado deve ter feito o teste de suitability de sua corretora e estar ciente do grau de risco do investimento.

É necessário ser cliente Nubank?

Não é necessário ter uma conta no Nubank para adquirir cotas do NDIV11. O produto está disponível em qualquer corretora para aquisição.

Aqui, o Nubank, por meio da sua filial Nu Asset Management, atua como gestor do produto.

Quais são as taxas do NDIV11

O produto tem uma taxa de administração de 0,5% ao ano.

Essa taxa está em linha de outros ETFs mais elaborados, mas bem acima dos maiores fundos de gestão passiva, como o BOVA11 e o IVVB11.

O Nubank, que historicamente sempre se posicionou como a instituição de taxas baixas, dessa vez não apresentou uma taxa tão competitiva assim.

Bom ressaltar que não há taxa de performance, ou seja, caso o custo não é variável de acordo com o desempenho do papel.

Como funciona a tributação

Assim como todos os ETFs, a tributação segue o padrão de 15% sobre ganho de capital. Isso engloba tanto o valor de apreciação do fundo, quanto o valor distribuído via dividendos.

Um ponto positivo é o imposto já é retido na fonte, o que facilita a vida do investidor.

Atualmente há um amplo debate sobre a tributação de dividendos diretamente nas empresas. Enquanto não há uma oficialização, a tributação de dividendos distribuídos pelo ETF acaba sendo uma grande desvantagem fiscal do NDIV11.

Alternativas ao NDIV11

O ETF criado pelo Nubank possui diferenciais únicos no mercado, como a distribuição de dividendos e a utilização de um índice Smart Beta.

Devido à sua exclusividade, não há ETFs diretamente concorrentes com sua proposta de valor.

Contudo, há outras opções de investimento para ETFs que focam em empresas pagadoras de dividendos. Vale ressaltar que os outros ETFs de empresas que focam em dividendos, não pagam os dividendos aos cotistas – no caso, todo o lucro é reinvestido no próprio fundo.

  • NSDV11: “irmã gêmea”do NDIV11. Gerenciado também pelo Nubank, com todas as mesmas características. A única diferença é que os dividendos são reinvestidos no próprio ETF.
  • DIVO11: Gerenciado pelo Itaú, ele segue o índice IDIV, que é composto pelas empresas que mais pagaram proventos na Bolsa. Sua taxa de administração também é de 0,5% ao ano.
  • BBSD11: Gerenciado pelo Banco do Brasil, ele seleciona as 30 maiores companhias pagadoras de dividendos na B3 dos últimos 3 anos para compor seu fundo. Sua taxa de administração também é de 0,5% ao ano.

Conclusão

Nos últimos anos, houve um boom nas ofertas de fundos de índice disponíveis no mercado brasileiro. Enquanto há alguns anos havia apenas algumas opções disponíveis, hoje já contamos com aproximadamente 100 ETFs disponíveis para o investidor comum.

Nesse contexto, o Nubank conseguiu ser novamente vanguardista com o NDIV11. A utilização de um índice Smart Beta deve se popularizar aos poucos no país, assim como aconteceu nos EUA. A distribuição de dividendos via ETF deve se tornar um atrativo competitivo, após o trâmite da reforma tributária nos poderes legislativos.

O único ponto de atenção aqui foi a taxa de administração de 0,5% ao ano. Não pode ser considerada uma taxa alta, mas havia expectativas de o Nubank apresentar uma taxa mais competitiva, nos moldes de IVVB11, por exemplo.

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